Kant, num artigo em que tentava responder à questão sobre o significado do Iluminismo, usou a locução latina “Sapere Aude!” que significa, aproximadamente, “atreve a conhecer-te” ou “ousa saber”. Segundo o autor, o Iluminismo conduzia o homem à saída da sua menoridade. Essa menoridade seria a falta da capacidade do indivíduo para usar a sua própria razão sem o auxílio do outro. Considerava, ele, que o homem é culpado dessa menoridade, pois não aproveita a sua razão e serve-se, sempre, do outro para alcançar suas respostas.
Muitos são os motivos que levam o homem a cair numa menoridade intelectual, entre eles a preguiça e a cobardia, uma vez que se afigura mais fácil acomodar-nos do que libertar-nos. É, por exemplo, mais fácil basear-mo-nos em ideias já feitas do que tentar formular novos entendimentos; é mais fácil cair num comodismo intelectual, já que sair dessa menoridade exige esforço. Mas, não devemos esquecer que a dificuldade da libertação desses princípios se deve, tantas vezes, a uma cultura enraizada que nos acompanha e a uma educação que nos nivela.
O alcançar dessa liberdade implica, por vários motivos, uma enorme dificuldade porque nos prendemos a dogmas e crenças que nos limitam à menoridade. A educação e, inerentemente, a escola, têm que se estabelecer como veículos para que os dogmas deixem de fechar os olhos aos nossos estudantes e lhes permitam atingir um crescimento intelectual através da aceitação do outro com todas as suas diferenças.
Falarmos, no século XXI, de discriminações não é um retrocesso. É um significativo avanço para pormos em prática a luta que tantos têm travado. Esta, ainda presente, conduta que transgride os direitos de uma pessoa com base em raciocínios sem os conhecimentos adequados sobre as diferentes matérias, torna-nos injustos e indignos de usar a insígnia de ser humano.
Nesta instalação, falamos de discriminações sociais, culturais, étnicas, políticas, religiosas, sexuais e etárias. Fazemos um levantamento dos nossos erros, das nossas apreciações apriorísticas do outro (que poderei ser eu) e que tão facilmente podem conduzir à exclusão social.
Mas achamos que as respostas estão longe de estar dadas. Até que ponto o ser humano está, verdadeiramente, livre para usar a sua razão? E até que ponto o indivíduo pode, realmente, expor as suas ideias de maneira livre sem medo de uma condenação?
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