Se há alguns meses atrás debatíamos, em espaço escolar e não só, o que poderia ser feito para melhorar as condições ambientais talvez o confinamento, devido à pandemia causada pelo vírus covid-19, não tenha sido assim tão mau.
De facto, ninguém esperava um mudança tão drástica nas nossas vidas com as nossas rotinas viradas de cabeça para baixo mas provavelmente, em alguns aspetos, foi o melhor que podia ter acontecido. Com o encerramento do comércio, da indústria e de uma grande parte dos transportes parados, as emissões de CO2 para a atmosfera diminuíram drasticamente em especial no grande epicentro inicial da pandemia, a China. Também em Itália encontrando-se as ruas e os locais de produção vazios, por exemplo os canais de água em Veneza aclararam e os céus tornaram-se mais limpos sem qualquer avistamento de aviões.
Com isto percebemos que talvez não seja necessário ir três vezes ao centro comercial para comprar um par de meias, e talvez devêssemos adotar para sempre algumas medidas adicionais ao nosso quotidiano para impedir que próximas pandemias tenham dimensões aproximadas à que estamos a passar.
Não me admiraria que isto fosse uma chamada de atenção por parte da Mãe Natureza porque, depois de tantas promessas e poucas ações por parte da Humanidade, um toque no ombro era preciso. Por anos não nos temos preocupado com a situação ambiental em que estávamos a colocar o mundo e talvez esteja na hora de serem tomadas verdadeiras medidas de modo a impedir que estes números causados pelo isolamento no meio ambiente, não retrocedam.
Gostaria de salientar que este foi um momento de grande união entre todos os países europeus, mas estaria a mentir, talvez porque esta ideia de “União Europeia” não seja uma verdadeira união, com cada um para seu lado, países a querer ajudar e outros a recusar fazê-lo. Até a OMS é criticada pelos EUA e perde o seu apoio financeiro e institucional. Tudo em nome de um individualismo político que era nesta situação dispensável.
Diria que também nestes tempos as pessoas pareceram entender o quanto muita gente lutou nas linhas da frente, desde daqueles que mantiveram os serviços funcionais para aqueles que estavam em casa, aos que se disponibilizaram para cuidar dos mais desfavorecidos, aos que trabalharam dia e noite a reabastecer os supermercados para que de manha não faltasse nada e por fim os que ainda enfrentaram, cara a cara, o vírus e tentaram sempre salvar mais uma vida.
Diria que depois disto deveríamos todos olhar à volta e de facto valorizar as paisagens verdes que durante estes meses não podemos desfrutar ou o pôr-do-sol à beira-mar, talvez esteja na hora de se mudar hábitos pessoais e tentar dar mais dias ao planeta terra.
Se foi difícil o isolamento? Não diria tal coisa, acho que muitos de nós devem sentir-se sortudos por estarem no conforto de sua casa enquanto têm aulas online, ou teletrabalho. Todos fizemos um esforço, esforço esse que deve ser orgulho geral mas que não deve ser esquecido para que não tenhamos que passar, outra vez, por uma situação semelhante.
Texto de Patrícia Alexandra Cunha, 12º B
Ilustração de Margarida Gomes, 12º D
Fantástico trabalho! Muitos parabéns