Dia 8 de julho foi mesmo há pouco. Mas o tempo prega-nos destas partidas e os dias sucedem-se vertiginosamente. Ainda agora foi a inauguração da exposição anual da francisco simões MULTIMÉDIA e o dia 25 de julho já chegou (e passou...).
Numa tarde de bastante calor, deslocámo-nos à Oficina de Cultura de Almada para nos juntarmos aos alunos, professores, ex-alunos e amigos que decidiram comparecer no encerramento. Esta exposição foi, em parte, diferente das dos últimos anos. A isso obrigou um vírus que nos surpreendeu a todos e nos obrigou a mudar hábitos de vida e processos quotidianos. Mas o que se manteve foi a vontade indómita dos alunos de Multimédia da nossa escola que criaram e construíram mais uma exposição que ficará na memória de tantos que a visitaram. No dia de encerramento, tivemos uma curta conversa com o professor Américo Jones, coordenador da exposição.
Qual foi a génese que esteve na origem desta exposição?
Para 2020, foi decidido que seria tempo de refletir sobre o papel da Arte na vida da comunidade. Assim, nasceu a exposição “ARTE = MUDANÇA”. A pergunta parecia muito fácil de elaborar: como é que a Arte pode mudar a vida das pessoas? As respostas foram dadas através das instalações ou das peças que estiveram patentes na exposição.
Como foi o processo de construção?
Nas primeiras reuniões de brainstorming, logo no início do ano letivo que agora finda, foi colocada a seguinte questão para reflexão dos alunos: quais são as principais preocupações da vossa geração e como é que podemos agir para colmatá-las ou atenuá-las? Assim, surgiram ideias de trabalho que iam desde temas mais complexos como o racismo, a guerra, os problemas políticos, a questão ambiental, as desigualdades sociais, a violência, a censura ou o desemprego, até temas mais próximos da realidade dos alunos como a distância dos jovens em relação à leitura, a necessidade de construir um diálogo intergeracional ou a acessibilidade e sustentabilidade da nossa cidade. Foi a partir destas reflexões e do levantamento e análise destas preocupações que a exposição foi criada.
Quando desenham a exposição, como decidem o que vai estar exposto?
Ficou, desde logo, decidido que iríamos trabalhar com um grupo de idosos, com quem os alunos de Multimédia desenvolveram workshops de fotografia e realizaram, em conjunto, incursões fotográficas, que colocaram em diálogo estas duas gerações. As fotografias e as reflexões desses momentos foram uma das peças da exposição. Sabíamos, também, que iríamos trabalhar com cidadãos portadores de deficiência que desenvolvem atividade artística. Através destes testemunhos e participações constatámos que a Arte pode realmente constituir uma mudança na vida destas pessoas.
Trabalhámos, também, na área da psicologia social comunitária e utilizámos a fotografia como uma forma de expressão que permitiu construir alternativas originais e sustentáveis de desenvolvimento dos nossos jovens com necessidades educativas especiais.
Fizeram, igualmente, parte desta exposição: instalações sobre o problema ambiental; sobre as várias discriminações existentes na nossa sociedade; e uma proposta para promover os hábitos de leitura dos jovens que alia as novas tecnologias à utilização das bibliotecas escolares. Muitas coisas ficaram por fazer, sobretudo as que envolviam a participação comunitária mas a elas voltaremos oportunamente.
E a seguir?
Como é hábito em cada exposição que realizamos, no dia de encerramento, lançamos o tema da exposição do ano seguinte. Se tudo correr bem (e com este “bem” nem sabemos, exatamente, o que queremos dizer…) em 2021, na Oficina de Cultura de Almada, vamos ter a nova exposição “Right Here, Right Now”.
Decidimos criar uma exposição que vai refletir o que iremos ser em 2021. Com todas as interrogações, com todas as dúvidas que a um ano de distância podemos ter. Mas é isso que nos vai mover. Quem somos/seremos a um ano de distância? O que este ano mudou em cada um de nós e na comunidade? Na Arte, na Cidade, na Família, nos Amigos, nas Relações. A partir de hoje, estamos a pensar a exposição de 2021. E cá vos esperamos a todos no futuro!
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