Quando conheci o Carlos Ribeiro, há cerca de dez anos atrás, levava comigo a imagem de um artista plástico que fazia arte com lixo recolhido nas ruas. Fora assim que um amigo comum mo tinha descrito uns dias antes.
No nosso primeiro encontro, descobri que, além desses trabalhos com materiais recolhidos no exterior, também trabalhava em vídeo, fotografia, desenho analógico e digital, performance, instalação e escultura. Logo nesse momento desafiei-o a desenvolver um workshop sobre vídeo com os meus alunos do primeiro curso de Multimédia e com os últimos alunos do curso de Artes da Francisco Simões. O workshop denominou-se “O Vídeo como Ferramenta Artística” e passados estes dez anos ainda volto a ele, ciclicamente, para desenvolver novos projetos.
O Carlos Ribeiro é o que se denomina comummente como um Amigo e é, por isso, que decidi escrever na primeira pessoa este texto introdutório à entrevista. Durante uma hora, entrevistado pela Joana Carvalho e a Carolina Delicado, ambas do 12º ano, e o Pedro Paiva, do 11º ano, todos de Multimédia, traçou uma retrospetiva desde os tempos das primeiras esculturas feitas com barros, arames e madeiras encontrados ao acaso pelas terras em que brincava ainda menino, até à sua “necessária” profissão de trinta anos na Marinha e ao despertar para a “necessidade de fazer” no campo das Artes.
A diversidade e multiplicidade do seu trabalho possui raízes na assemblagem o que, talvez, explique a importância da sua relação com os materiais. Nesta entrevista, leva-nos numa viagem pela Arte do século XX, não deixando de lado reflexões sobre filosofia, religião, espiritualidade e política que ajudam a explicar o seu processo criativo e as suas mais profundas convicções em cada uma destas áreas numa busca incessante pelo conhecimento.
Terminamos a viagem com a sua mais recente paixão – a cerâmica. Nela, encontrou outra forma de pensar a metodologia da criação porque, ela própria, exige outro tipo de abordagem e reflexão.
E nem o irrequieto e vocal Banksy que, por vezes, fez a sua aparição na entrevista o demoveram de afirmar com a maior das humildades e honestidades “os artistas precisam de reagir de modo a pressionar as instituições".
Américo Jones
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